Lembro de quando eu era adolescente e ficava ansiosa esperando pelo meu aniversário. Para ser mais precisa, eu não só esperava pelo dia, como esperava pela meia-noite, aquele segundo que me tornaria, oficialmente, mais velha. E toda essa espera decorria do conhecimento de que em alguns segundos, ou no máximo 2 ou 3 minutos após a meia-noite, meu celular começaria a tocar com os torpedos desejando feliz aniversário.
Recordo que as mensagens recebidas não diziam apenas “Feliz Aniver”. Eram mensagens pensadas, criativas, divertidas na maioria das vezes. Em contrapartida, eu fazia o mesmo. Uma semana antes do aniversário das minhas amigas eu já começava a pensar no teor das mensagens... Escrevia umas três (afinal, eram textos complexos!) no celular e deixava salvo como rascunho para enviar assim que o relógio mudasse de data. Lembro inclusive de uma vez que o destinatário recebeu a mensagem 10 segundos após a meia-noite, momento em que eu praticamente me tornei a recordista em pontualidade (e também descobriram que eu planejava com antecedência).
E os presentes... Se as mensagens eram pensadas na semana anterior, aqueles começavam a ocupar minha mente quase 1 mês antes. Inicialmente os presentes não eram comprados, eram construídos. Alguém tinha um álbum, outra pessoa tinha uma foto engraçada da aniversariante, outra tinha um CD só com as músicas favoritas da felizarda... e assim montávamos um kit. Fora os poemas, cartas quilométricas...
Nem 10 minutos depois.
Tampouco à 1 hora da manhã.
Não que eu estivesse esperando, na realidade eu já sabia que nada aconteceria. Até achei engraçado quando o primeiro “parabéns” chegou pelo Orkut, e de um ex-professor!
Com tal evolução histórica de aniversários, sempre imaginei que as alterações estivessem relacionadas à idade, como se aos 15 anos fossemos mais criativos e déssemos mais importância aos minutos.
Todavia, esse ano descobri que não é a idade que deixa as pessoas mais acomodadas, e tal descoberta adveio de 4 “caras”:
Cara 1: Sempre foi um grande amigo, até chegamos a ficar em uma festa há alguns muitos anos. Todo ano ele sempre me envia um verdadeiro e-mail no meu aniversário, com muito mais do que 5 linhas. E esse ano não foi diferente. Ponto por saber ser criativo e sincero!
Cara 2: Conheci não faz muito, mas ele sempre demonstrou interesse. Esperava que ele mandasse um torpedo ao invés de um simples recado em redes sociais, o que de fato ocorreu. Todavia, o que eu não esperava é que ele faria uma montagem de fotos muito legais e me enviaria. Ponto pelo presente diferente!
Cara 3: Conheci no início da faculdade e sempre achei interessante, mas nunca aconteceu nada. Fui surpreendida no meio da tarde com um e-mail tão sincero como o do Cara 1. Definitivamente, unexpected.
Cara 4: Conheço há muitos anos e já saímos por algum tempo, mas ele mora em outra cidade. Ligou no meu aniversário. Aliás, curioso que antigamente todo o mundo ligava, hoje, aparentemente, só existe e-mail. Creio que a única outra pessoa que tenha me ligado foi a minha prima – dizendo que estava ligando porque a internet não estava funcionando. Enfim, como se não bastasse, o cara 4 enviou uma carta. Sim, uma carta, com carimbo do correio e tudo o mais. Estranho, não? O que poderia ter em uma folha de papel que não poderia ter em um e-mail? O perfume...
Todos são homens... Não eram as mulheres mais criativas? Ou será que com o tempo as amigas se acomodam, ao passo que os homens têm de se mexer?